
O Al-Hilal fez valer a épica frase de Rogério Vaughan.
O futebol é, definitivamente, a arte do possível.
E nesse caso, do impossível também.
Porque o impossível se tornou realidade nessa segunda-feira (30), quando o gigante inglês tombou diante de um time que, até então, era preferido pelas torcidas adversárias por ser um adversário – supostamente – mais fácil.
Já agora, bom… vamos falar disso mais adiante, porque primeiro a gente precisa falar sobre esse que foi e muito provavelmente continuará sendo o melhor jogo da Copa do Mundo de Clubes pelos próximos anos.
1 → Começava um dos maiores jogos da história
Tudo começou como muitos esperavam: com o Manchester City dominando as ações.
Logo aos 9 minutos, Bernardo Silva abriu o placar com um toque de classe, após bela jogada coletiva.
Os ingleses pareciam no controle, firmes, confiantes, como se apenas cumprissem tabela rumo ao título mundial, um troféu que Guardiola tanto desejava conquistar novamente.
Só que o futebol, esse velho imprevisível, tinha outros planos.
2 → O gigante árabe acorda
O segundo tempo começou com o Al-Hilal mostrando uma nova postura: mais agressiva, mais vibrante, como se tivessem entendido que só há uma chance contra um time como o City.
Aos 46 minutos, Marcos Leonardo empatou o jogo de cabeça com uma bola que havia sobrado na área depois de um bate-rebate, reacendendo as esperanças sauditas.
Pouco depois, Malcom puxou um contra-ataque veloz (haja fôlego!), invadiu a área, bateu cruzado no limite da rede e virou a partida: 2 a 1 para o Al-Hilal.
Um golpe seco, direto no orgulho do campeão europeu.
O City ainda empataria com Erling Haaland, oportunista e bem localizado como sempre, aos 55 minutos, forçando a partida para a prorrogação.
3 → O fim do sonho inglês, o próximo passo saudita
Na prorrogação, a tensão dominava o estádio.
E foi Koulibaly, zagueiro senegalês, que recolocou o Al-Hilal à frente, com um cabeceio calculado após cobrança de escanteio.
O Al-Hilal virava o jogo em 3 a 2 e ficava a um passo das quartas de final.
Mas, o City como todo campeão, não cede fácil.
Phil Foden, mal tinha sáido do banco quando bateu de primeira depois de um – lindo, diga-se de passagem – cruzamento, empatando novamente: 3 a 3.
Era como se o jogo nunca tivesse fim.
E sejamos sinceros: por nós, jamais teria.
Tava tudo tão bom de assistir, uma emoção tão eufórica que quase, eu disse QUASE, preferiríamos que o desempate não tivesse ocorrido.
Só que aí veio o momento mágico.
Aos 112 minutos, Marcos Leonardo apareceu mais uma vez.
Marcos Leonardo estava para ser substituído após um pedido dele mesmo, devido às constantes cãimbras sentidas. No entanto, como já disse Rogério Vaughan, o futebol é a arte do possível.
O estádio inteiro viu. Eu vi.
Você viu ou reviu depois no Youtube e talvez esteja revendo agora mesmo, quando Marcos Leonardo, desabando já sem forças e se esforçando para não tocar o braço na bola, empurrou a bola que Ederson rebateu, para o fundo das redes.
O Al-Hilal escreveu seu nome na história.
4 a 3.
A torcida saudita, aos milhares, fez de Orlando um novo lar, um templo de fé para um time que ousou sonhar contra os gigantes.
A derrota foi um choque. Pep Guardiola, visivelmente abatido, reconheceu a grande atuação do adversário, mas deixou no ar a frustração de uma campanha que acabou antes do esperado.
O City chegou como favorito absoluto, mas caiu vítima da essência mais pura do futebol: a imprevisibilidade.
O Al-Hilal não venceu apenas um jogo. Venceu o medo, a estatística, a lógica. Venceu um adversário bilionário com elenco estrelado.
E venceu de forma épica, jogando com alma, com entrega e com a certeza de que sonhar vale a pena.
Foi uma noite em que o futebol deixou de ser apenas esporte e virou poesia. Em que 22 homens em campo tocaram o coração de milhões ao redor do mundo.
E em que a frase “o impossível não existe” ganhou um novo sentido.